sabes,
esta dor, a que não me deixou este tempo,
não é tua.
deixaste-ma apenas.
fui eu que a deixei ficar.
fui eu que a criei, a mantive, fui eu, até, que a alimentei.
que, tanto tempo depois, ainda me persiste.
e não é tua.
talvez ou ainda não tenha aprendido a lidar com ela, ou apenas preciso dela como desculpa para não ter que justificar com mais nada esta minha falta de vontade de levantar.
talvez tenha precisado, este tempo todo, de encontrar dores.
eu tenho o direito de me sentir (ainda, sim) magoada. muito magoada.
e talvez me doa mais a falta de compreensão das pessoas quanto a essa mesma minha dor.
talvez se a sentissem.
talvez se alguma vez a tivessem.
talvez se a vivessem de perto.
talvez se, na altura, quisessem saber.
mas, apesar de tudo e por tantas tentativas que tive por me querer ver livre dela,
esta dor não é tua.
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