e irrita-me que só sejam bonitas as palavras públicas.
as que todos comentam.
as que são as mais votadas, as mais vistas, as mais comentadas.
irrita-me esse surto de popularidade como se só o que se vê é que é bonito e original.
é um dar nas vistas que me irrita e enoja.
como se o estar sozinho não fosse também e, talvez mais, bonito que parecer.
são as fotografias, as montagens, as músicas, os filmes. tudo o que nos define.
somos o que temos.
somos o que não temos, mas parecemos ter.
somos sempre muito simpáticos, sempre muito queridos, somos sempre muito sofridos (aparentemente) e somos sempre uns buracos doridos que andam por aí a fingir que nos dói, quando, na verdade, só nos dói quando não temos a atenção.
irrita-me que me tenha metido em mundos e planos e esquemas que agora ou me afasto (e me traio) ou me torno igual (e me traio).
não tenho medo de ficar sozinha e ser a única a fazer parte de um espaço dentro de outro.
não tenho medo de ficar deitada sozinha a olhar para o tecto à espera de respostas.
não tenho medo de andar sozinha a sentir o ar.
pelo menos a minha consciência estará limpa.
e é o lado para o qual eu durmo melhor.
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