12/08/09

-ontem vi que-

há vidas que se partem e há quem se mantenha firme na sua queda.
há sítios que se deixam abertos só por medo que um passado apareça e já não haja espaço para ele.
há feridas que balançam entre as linhas das mãos dadas. (e a falta que me fazem as tuas).
há amores a morrer em sofás ao domingo à tarde.
há passeios que se pisam por medo do escuro da solidão.
e as portas que se batem depois de palavras frias. e as mágoas depois das portas fechadas.
disseste que íamos trocar palavras feias e que eu ia dizer que te odeio, mas sou demasiado fraca e pequena para me manter firme e de olhos abertos durante a queda.
tenho demasiadas perguntas para manter as minhas mãos ligadas a outras. (a quem se agarram agora, as tuas?)

e eu já morri tantas vezes em domingos enquanto pisava os passeios por onde também passaste. (por saber que não era comigo)

Bati tantas portas.
Fechei tantas mais para não deixar que entrassem (em mim).
mas abri-me demais a pensar que as mágoas se iriam, assim como os fantasmas, assim como tu.


e ontem vi que há pouco que resta de mim.
não porque te foste, mas porque todos se vão.

que não consigo exprimir-me. que não consigo dizer o que sinto. que não me sei fazer entender.
ou porque sou demasiado básica, ou porque as pessoas são demasiado burras e estreitas para verem além delas.
porque há um 360 que poucas vêem. e que eu deixo que seja isso que me faz doer mais.
sentir que ontem vi, como em tantos dias mais, que morri por já não ter forças para dizer que


não suporto mais.

1 comentário:

  1. vim ter a este blogue via um comentário seu num outro (oito e coisa).

    li-o de fio a pavio, de 'mensagens antigas' em mensagens antigas'.

    só me ocorre dizer que vc é uma mulher de armas, sabia? mesmo que não (se) pareça.

    e que tudo passa, e que tudo se resolve, e que toda a dor que (nos) consome consome-me a si mesma, no final. e o que fica somos nós, depois mas também para além dela. e ficamos, talvez mais fracos, talvez mais fortes, mas ficamos.

    receba um abraço de uma que muito sofreu por amor também. e que por aqui anda, sobrevivente.

    (e somos tantas, não é? :)

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