19/08/09

(em caixinhas)

vivemos em caixinhas debaixo da cama.
devoramos histórias às escuras porque nos sabem melhor.
sopramos palavras que soem bem para nos aplaudirem, para nos agradecerem por fazer parte desse mundo escuro e poeirento debaixo da cama.
guardamos nessas caixas todas as nossas fantasias e medos . e palavras ditas e ordens em forma de segredos.
vejo coisas e pessoas maiores do que eu.
fecho os olhos para não me verem.
falar comigo no escuro dá-me dores nos olhos. doem-me porque procuro paz. porque quero vê-la.
e só no escuro existe.
debaixo da minha cama, onde vive a minha cabeça.
por cima, onde dorme o corpo cansado de fantasmas em caixinhas.

Sem comentários:

Enviar um comentário