25/09/09

imaginei muitas despedidas. imaginei-te desejares-me bem. imaginei que dissesses que ias sentir a minha falta. imaginei que sofresses, mas aceitasses o que te pedia.
imaginei muitas coisas.
imaginei os filmes.
e o que me desilude e magoa tanto é que nada tenha sido assim.
houve muitas palavras feias, muito barulho e gritos e lágrimas. houve muitas coisas más e eu, sozinha, não consigo explicar-te o quanto a tua atitude só piora tudo. tu nao vês, nao entendes.
custa-me tanto.
e o que me custa mais é a raiva com que falas das coisas que aconteceram. eu ainda guardo coisas bonitas. por isso me dói tanto. se não existissem lembranças não olharia para trás e não sentia falta. mas a verdade é que sinto que estou demasiado ligada ao passado. e ao passado bom, que não volta, e ao passado mau, muito mau, que nunca me deixa.
eu já não sei o que nos prende. já não sei se é suposto continuarmos a matar-nos com estes joguinhos. a brincar ao gato e ao rato.
preferia tanto que tivéssemos acabado em bem. sei lá. tenho a sensação que daqui a uns meses ou uns anos, quando voltar a aparecer na tua vida - tenhas tu ou não outra pessoa - já não vou ser a pessoa que te marcou. e tenho medo que, mesmo à filme, tu estejas o príncipe que conheci e não haja nada a fazer. e talvez tenha saudades do tempo que passou e queira estar contigo.
tenho a sensação que vais estar bem tão rápido e de uma forma tão eficiente que quando voltar a estar contigo - seja isso quando for - já não vou ser nada de especial. apenas mais uma.
o que me dói nisto tudo é que eu vou sempre dizer quem és, quando sei que ninguém sabe quem sou. e quando sei que pessoas que te conhecem - mesmo que seja de vista - e que te acham bonito e te adicionam e comentam, e me leiam e nem façam ideia que é de ti que falo. porque isso já acontece. miúdas até que adicionaste e comentaste porque eram giras. mais giras que eu. que importa, agora?

tenho muita pena, sabes?
e o que me dói mais foi ver-nos crescer ao longo de alguns anos e agora, de um momento para o outro, já não somos como quando nos conhecemos. porque há mais dores do passado do que lembranças bonitas.
fez-me chorar lembrar-me agora da vez em que pensava que tinhas mudado e disseste para nos irmos deitar debaixo de uma árvore. deixei-te provar que estavas diferente. mas que diferença fez? voltaste a omitir-me os teus outros desejos. e agora, que importa?



só a dor que sobra.


(da tua ausência)

2 comentários:

  1. (eu sei que é por ele que fala, para ele que fala, para ele que escreve, mas deixe-me dizer-lhe, a si, isto:

    «e ao passado bom, que não volta, e ao passado mau, muito mau, que nunca me deixa.»

    nunca mais o passado bom vai voltar; nunca mais o passado mau a vai deixar.

    é por isto mesmo que tem de enterrar o passado. como? distraindo-se com o presente. treinando a distracção. persistir nela até doer. distraia-se, distraia-se, distraia-se. dê-se, e a outro/s, hipótese de viver algo novo. force-se a não recordar. custa muito, mas é possível. não se preocupe com a falsidade intrínseca da sua opção. insista nela, mesmo que seja mentira. porque as mais doces mentiras são as que nos fazem bem. as mais cruéis realidades, pelo contrário, só nos destroem. o que é inútil, escusado, dispensável. sabe porquê? porque nós somos maiores do que os passados bons que não voltam e os maus que nunca nos deixam. somos. e temos de ser.

    um beijo.

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  2. ... as nossas histórias concerteza serão diferentes... mas garanto-te que as dores são irmãs chegadas.

    Faço das tuas palavras minhas... se um dia precisares de uma quase-estranha...

    (um abraço)

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