30/01/10

aquilo que escrevo é apenas uma (muito) pequena forma de me livrar do que sinto.
a verdade é que cada vez me apetece menos livrar-me das coisas.
cada vez mais temos menos cá dentro e mais nos agarramos a histórias, mentiras e memórias para não nos sentirmos mais sós.
agarramo-nos a coisas tão mais fracas do que nós. a pessoas tão mais dependentes do que nós, porque queremos sentir-nos fortes.
escrevemos porque é bonito, não escrevemos para nós.
ser ruim é tão mais fácil do que fazer bem e é por isso que as pessoas ficam cada vez mais cansadas.

agora não se criam nem formam boas pessoas, inventam-se novas formas de mentir. não se criam novos e bons músicos, aperfeiçoam-se novas formas de produzir. não se promove a beleza natural, incentiva-se as novas ferramentas de manipulação da imagem.
agora somos todos bonitos, porque o photoshop é bom; agora somos todos bons cantores, porque as produtoras fazem milagres; agora somos todos amigos uns dos outros, porque está na moda ser green e ecológico.

há não muito tempo atrás, se uma rapariga vestia calças ou leggings de leopardo era puta. se calçava botas altas até ou acima do joelho, mais puta era. agora quem veste a combinação é fashion.

a moda é ser hipócrita.
clap your hands and say yeah.

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