está difícil.
é uma decisão muito difícil.
está-me a custar muito.
a menina corajosa também deita as suas lágrimas e manda os seus belos berros de desespero.
desta vez foi complicado de esconder o desespero, o medo, as incertezas.
eu sei que preciso ir.
mais até do que quero.
por um lado, peço que me impeçam de ir. peço que me resguardem a fraqueza.
por outro, preciso que me empurrem, com todas as forças.
eu sei que aqui vou dar em doida.
sei que lá vou pedir essa loucura em troca das saudades que vou ter.
vou tentar trocar todas as partes más por algo mais positivo.
sei que vai haver demasiadas coisas positivas para me agarrarem lá.
não sou de planos e é por isso que me está a matar.
saber com demasiada antecedência faz-me pensar mais naquilo que vou, supostamente, perder.
perder não, porque amizades não se perdem.
perder não, porque família não desiste.
perder não, porque a cama sempre me espera, o café vai sempre estar no mesmo sítio.
as pessoas e os estilos mudam.
as modas também.
hoje não consegui conter as lágrimas à frente da minha mãe - "afinal não queres assim tanto quanto eu pensava".
neste momento, só peço que ela vá embora rápido para não sofrer mais, não me ver sofrer mais.
ainda não consegui parar.
parece que todos os meses para trás me estão a escorrer pela cara abaixo em forma de água.
quis muito ouvi-lo, sentir que ele me apoia. e isso ainda me mata mais.
mata-me ainda pensar em como ele poderia mudar toda a minha decisão neste preciso momento.
em como não quero, não posso.
em como não quero sentir que estou a fugir de algo - NÃO ESTOU!
não quero ter a sensação que estou a ser egoísta, mesmo que isso fosse o que me fizesse melhor.
não queria ter a sensação que estou insegura, aflita e a morrer de medo.
medo não de ir, mas de deixar isto - é diferente.
eu lá desenmerdo-me. eu lá viro o mundo ao contrário. eu lá choro baba e ranho, mas viro forte.
mas aqui e até lá, massacro-me com segredos.
eu não lhe disse que o meu maior fantasma tem duas pernas.
não lhe disse que aquilo que me impede e me retrai tem nome de gente.
aquilo que me afasta tem corpo de homem.
ficaria desiludida, talvez, que a grande mulher que ela conhece há 19 anos se sinta uma miúda de 5 com medo do escuro.
talvez não acreditasse que a grande mulher independente que não quer homens, esteja a pôr o seu futuro em risco por causa de um.
principalmente quando ambas sabem que ele planeia o seu sem olhar para trás.
não quero desiludi-la.
não quero admitir-lhe que é por isso que ando triste há meses, com desculpas de que estou cansada do trabalho, que não gosto da faculdade e das pessoas de lá.
apetece desistir.
apetece mandar tudo à bela da merda.
dizer eu fico, foda-se!
não são 10 dias, são 10 meses. com regresso em dezembro por uns dias.
roo-me por dentro e contenho lágrimas quando me dizem fogo, corajosa! tanto tempo!
pergunto-me se mais alguém se vai sentir orgulhoso dessa minha decisão, para além de mim.
não quero ficar feliz sozinha. quero partilhar alegrias. canso de partilhar coisas tristes.
na verdade, é só aqui que as digo.
para tudo o resto está perfeito.
sei que aqui está o lado que todos temos e poucos admitem.
este é o lado que raros conhecem.
eu sei que a ideia que dou é que não sei dar valor às pequenas grandes coisas da vida.
na minha cabeça é o contrário - é por eu gostar tanto e querer tanto estar bem com ela, que sofro quando não estou.
e é por isso que está na hora de limpar as lágrimas, esvaziar palavras, arranjar-me, olhar para o espelho e dizer está na hora, faz-te à vida!
ele não está preocupado se me dói ou se deixa de doer,
ele nem sequer diz nada dos meus bilhetes e esforços para nos fazer bem.
apaga o número dele!
muda de número!
ocupa-te!
e para tudo o que o me ocupa o coração e a cabeça um grande foda-se!, certo?
Desabafar faz sempre bem. E sim, não vale a pena esperar por esse "ele" se ele não está minimamente preocupado.
ResponderEliminarÉ seguir em frente sem olhar para trás ;)