não tenho assim tantos sonhos de vidas e casas e empregos.
tenho fantasias sobre futuros.
nao me imagino numa grande mansão porque sei que seria feliz num apartamento pequeno daqueles que aparecem em filmes como "Ps - I love you", no "Fabuloso Destino de Amelie Poulain", "Peter and Vandy". talvez os últimos sejam mais a minha cara.
não me imagino com um homem super bem sucedido, empresário, rico, porque nem agora o faço.
faz-me impressão.
e gosto de pessoas com pés na terra, que amem as pessoas com quem estão e não porque é conveniente. (passando ao preconceito e generalização).
talvez me consiga ver como uma mulher bem sucedida de saltos altos, bem vestida, simples e independente.
ou uma mulher assim e numa mansão e casada com um empresário.
não, a parte do empresário não! não faz parte dos sonhos. não dos meus.
fico-me pelo bem sucedida e independente numa casa grande.
mas também sei que poderia ser muito feliz num apartamento para um, mas onde tivesse todo o prazer de dividir a cama, o sofá, a banheira.
neste momento não consigo pensar em tão abstracto assim - era com ele.
mas como isso já são mesmo sonhos impossíveis, continuo o sonho:
não penso no carro de sonho,
não penso nas roupas de sonho,
nem sequer nos restaurantes chiques e caros onde podia ir.
não, a única coisa que penso mesmo é em como gostava que a minha casa fosse.
no fundo, uma casa também ela impossível. ou teria que ser mesmo muito bem sucedida para comprar todas as que gosto.
gostava que tivesse campo à volta.
com flores e muitas flores. orquídeas e flores de cerejeira. e malmequeres e amores perfeitos.
gostava que fosse uma casa com cores claras, com madeira, sofás quentinhos e velas de cheirinho. e flores.
gostava que tivesse a agitação por perto. a correria, as multidões, os sons e a vida de cidade.
tivesse praia por perto. o mar, as ondas, até o vento - um bom motivo para um chocolate quente no inverno com a chuva a bater na janela.
com miminhos, deitada numa carpete confortável e lareira ao lado.
talvez um cão. ou um gato.
uma casa cheia de fotografias nas paredes.
quadros com amigos, família, sorrisos.
fotografias tiradas por mim.
com uma máquina fotográfica de sonho (ainda estou a pensar em qual!) pousada numa mesinha de madeira pintada de branco com velas e uma fotografia nossa.
ou uma casa com móveis modernos, com paredes pintadas de vermelho ou preto.
com uma sala de almofadas e espaço para relaxar.
com um quarto em branco para os putos (quanto mais não sejam só os sobrinhos!) riscarem paredes e brincarem. ou eu mesma, se me apetecer escrever na parede. como tantas vezes me apetece!
talvez os meus sonhos sejam muito tendenciosos, afinal há futuros que gostava de começar a partilhar no presente, mas nunca me imaginei de outra forma.
com o tempo vou aperfeiçoando, com o tempo vou substituindo peças na minha casa de sonho.
com o tempo, talvez eu me aperceba que a vida de sonho pode muito bem passar pela que já tenho.
que sei dar valor.
que sei gostar.
mas que me vou permitir deixar de ter por uns tempos para saber que, no mundo, há muitos sonhos.
e onde há espaço para os meus.
e onde eu, finalmente, meta na cabeça que já não são os mesmos que os teus
e eu pare de me sentir mal por ser ainda uma garota apaixonada pela única pessoa com quem os queria partilhar.
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