como?

como se aceitam fins?
não, a sério, como isso acontece?
como se compreende, eu sei, mas só porque sou e tento ser sempre muito compreensiva.
mas foda-se, como se aceita?
como se vive sem pessoas e coisas que fizeram de nós aquilo que somos hoje?
como se vive o dia-a-dia com medo que tudo de mau volte e como se vive o dia-a-dia a querer muito que o bom se repita?
como se recupera a confiança, o amor próprio, a auto estima?
como se sai de casa sem se querer esconder em tudo que é canto, mesmo quando pessoas nos puxam e nos fazem aparecer porque acreditam na nossa beleza?
como se sai de casa com cabeça erguida para enfrentar tudo quando, num (in)feliz acaso, se dá de caras com as pessoas que precisamos de evitar para viver mais tranquilas?
como se sai de casa para sair à noite em sítios diferentes, quando, no fundo, se quer estar nos conhecidos com esperança, não de ver mas de ser vista?
como se consegue acreditar no acaso de reencontros quando se quer viver os encontros mutuamente combinados?
como se espera que o tempo passe enchendo-nos de trabalhos e coisas para fazer?
é fácil ocupar-nos, mas é difícil fazê-lo com coisas que gostemos verdadeiramente e quando a única opção é, não a aprender a gostar, mas a de aceitar.
com tudo isto atrás.