esperei tanto por esta conversa e, agora que a podemos ter, não sei se quero.
já supus tanta coisa e menti para mim mesma muito mais.
obriguei-me a esquecer. esquecer não - o coração sempre tremeu -, mas a não pensar tanto.
ou, pelo menos, a aceitar que não fui assim tão importante.
ou a aceitar que somos demasiado parecidos.
ou porque não era suficiente.
ou porque tiveste medo.
ou porque não era bem visto.
ou porque era muito nova (e continuo a sê-lo).
ou porque não era para ser.
tenho medo que me confirmes aquilo que acho que sei.
tenho medo que me digas aquilo que gostava de ouvir, mas que em nada muda a nossa situação.
porque a verdade é esta: nada vai mudar.
vais continuar com a tua vida, com a tua miúda, com o teu trabalho, com as tuas saídas.
passou tanto tempo e só agora deu a saudade? só agora queres?
ou foi só um desabafo que fizeste sair por entre goles de licor alemão?
tenho medo que me tenhas arrancado palavras que pensava que já não conseguia dizer. ou que consigo mas não quero dizer.
tenho vergonha. sim, tenho vergonha!
tenho vergonha de te dizer que ainda mexes comigo, que ainda não te esqueci, que ainda penso em ti, que ainda, sim, foge a correr!, gosto de ti.
é isso que queres ouvir? não!
não foi para isso que me procuraste. foi para quê? para ser a cara bonita e a paixão proibida que o teu namoro precisa para lhe dares valor?
é para ser o quê?
é por tesão?
não quero saber.
tenho medo de saber.
sei que nunca me dirás a verdade. e talvez nem seja suposto pedi-la.
sei que continuaremos a fugir às conversas, que continuarás a evitar falar dela ao pé de mim, a cumprimentar-me quando estás com ela, a mudar de conversa quando te falam dela. para quê? para me enganares com o quê? achas que não dói nem doeu o suficiente a saber mais de ti por outras pessoas do que por ti próprio?
não quero saber.
sabes? não quero mesmo.
podia não estar bem até isto acontecer, mas dispenso ficar pior.
e sei que é o que vai acontecer.
sei que me abanas o mundo para, logo a seguir, ires embora a fugir.
ou porque tens medo de admitir que sentes a mesma coisa ou porque não aguentas o facto de te dizer que (também?) queria estar contigo. fosse de que forma fosse.
mesmo com todo o perigo que isso acarretasse.
e não sei se espere por essa conversa.
afinal de contas, ainda não a tivemos e já sinto a distância.
Cada um aceita o que quer... Deve é viver com isso depois!
ResponderEliminarHá muita coisa que não é preciso aceitar e aceita-se em nome não sei bem de quê...