02/09/10

nos dias de sol.

há dias em que apetece dizer ao mundo inteiro tudo aquilo que nos passa pela cabeça.
procurar pessoas para lhes dizer aquilo que sentimos e nos magoa na vida. não só na nossa mas, também ou principalmente, na vida dos outros.
nunca, em tantos meses, me preocupei e magoei tanto com a forma de estar das pessoas.
umas porque sofreram tanto que agora são incapazes de voltar atrás àquilo que foram,
outras porque são incapazes de mudar aquilo que são,
algumas porque, a dado momento do seu cansaço, se meteram tão à frente que agora não sabem nem querem olhar para trás
e aquelas, as que mais me preocupam, que não conseguem ou não querem olhar para a frente e vão desistindo.
e eu estou a sentir-me um pouco de todas.

tudo começou em Novembro. mais precisamente no dia 21. no porto. no sá da bandeira. em porcupine tree.
ao longo dos tempos decorei poucas coisas. datas de alguns aniversários de familiares e amigos. um ou dois números de telemóvel. o dia 25. e este dia.
foi aí que voltei a sentir-me eu. foi aí que chorei pela primeira vez por aquilo que era mas, fundamentalmente, por aquilo que tinha sido (ou não) até aí.
bateu-me fundo.
e foi a partir daí que tudo verdadeiramente começou.

durante quase dois anos vivi anestesiada pelas dores e medos. pelas palavras que dizia de mais e pelas que não recebia e me massacrava com isso.
vivi de uma forma que hoje não compreendo. nem aceito. não entendo como reagi de determinadas formas, arrependo-me na maior parte das vezes.
e é aí que quero chegar - nunca dei valor a arrependimentos. talvez não os tivesse, mas se tive nunca morri por eles.
guardei sempre tudo para mim. falava muito mas em tom de brincadeira. sofria ainda mais mas sem saber expressar.
talvez as coisas não estivessem num alarme tão grande como estão agora. talvez fosse mais desligada, despreocupada, inocente. insensível não, ingénua, talvez.

a dor e o desespero fazem trazer à flor da pele todas as coisas boas e más que temos em nós. uns são mais capazes que outros para as discernir, saber gerir e superar.
nunca achei fraqueza admitir-se que não se consegue, nem admiti que alguém se sentisse superior por o conseguir. na maior parte das vezes achava que era sinal de arrogância, porque, no fundo, também essas pessoas iriam sofrer com as coisas. talvez não naquele momento, talvez não da mesma forma, mas um dia, mesmo que muito mais tarde, as pessoas iriam deitar-se na sua cama e iriam chorar. ou sofrerem à maneira delas.

durante quase dois anos escondi tudo aquilo que tinha de bom, reprimi-me e julguei-me por isso. achei que grande parte das miúdas era mais bonita e mais interessante que eu.
agora acho que, cada vez mais, entendo que até as miudas que invejava e achava que seriam o ideal de qualquer rapariga são as que passam mais tempo da sua vida a esforçar-se por isso. e isso tira-lhes tempo, minutos de pequenos prazeres e beleza.
quanto mais distância temos das coisas e das pessoas mais achamos que elas nos superam.
não é por isso que me tento aproximar mais das pessoas, mas sim porque preciso dessas certezas para me dar força.
afinal de contas, nunca ninguém é verdadeiramente mau para não merecer atenção e amor de uma pessoa. seja que tipo de amor for.
espero pela data que consiga decorar para saber em que dia tudo acabou, a data que pôs fim às minhas questões.

mas aquilo que me assusta é uma frase que jamais esquecerei e que, mesmo não sabendo a data em que ma foi dita, espero que nunca haja data para a esquecer: as pessoas muito sensíveis acabam por ser as mais cruéis. não te tornes assim.

1 comentário:

  1. Essa frase não faz sentido!
    Nenhum! Zero!

    (e que tal tirares a verificação das palavras?)

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