01/05/09

a (nossa) fuga.

foi a simpatia, os bonitos olhos e o silêncio que te levaram até ela. foi por tentares tapar os vazios dela, tentando fazê-la sempre sorrir e sentires obrigação de a proteger, que vocês se separaram.

tu não tens que a salvar.

e agora vês que isso só ta levou embora de ti. o mesmo que vos matou é o que a aguenta todos os dias - ela tem (e terá sempre) uma pessoa para a segurar. para a abraçar, para dormir com ela, se ela tiver medo de noite. para ocupar os espaços que as pessoas que se deitaram com ela depois de ti não os souberam ocupar (como tu). e ela sente obrigação de agradar as novas pessoas. porque sabe que não poderá voltar para a única pessoa que lhe fez verdadeiramente bem. Tu.

E tu tentas encontrar nas novas pessoas que dormem contigo coisas que se pareçam com ela e ao mesmo tempo tão ou mais diferentes, que te façam esquecê-la. ou não pensares tanto nela. Eu sei.


E isso é só uma fuga. para ambos. mas talvez seja isso que eu, vendo tão de fora, me magoa tanto. porque sei que nunca serei, para ti, aquilo que ela foi. porque não sei se é o eu ser tao parecida ou tão diferente do que ela te foi, que agora, dizes, não faz sentido.

mas agora, vendo ainda mais de fora (é inevitável a fuga), sei que eu não sou o que te mostrei. e eu sempre soube. numa relação equilibrada (seja qual for) há sempre um que fala mais, um que ouve mais, um que ri mais, um que é mais sério. duas pessoas desequilibradas não funcionam muito tempo. por isso é que quis ser a que fala e ri mais. a que, aparentemente, se abre mais. para não deixar que o meu (tão) grande desequilibrio te desequilibrasse (ainda mais).

e eu nao tinha que o fazer.
assim como tu não tinhas que a tentar salvar.

e é por isso que nada vai mudar. a tua fuga é não passares pelos sitios dela, a minha é não passar por nenhum dos caminhos dos dois.

ponto.

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