24/05/09

vim para te dizer coisas.
já te disse tantas. já perdi tantas horas de sono a pensar em ti - em como te ia dizer que sim, que não, que talvez, que nunca, que sempre. como te explicar que às vezes te quero, te quero muito, que outras me apetece dizer-te que te odeio, que me irrita a tua calma (aparente) agora, quando eu precisei tanto dela quando só existiam palavras duras, frias e cansadas. quando me ignoravas.

como te digo que muitas vezes ainda quero o que tivemos?
como te digo que já não sou capaz de te ser o que fui?
(já o disse).
até que ponto sou capaz de te fazer bem?
(sabes bem que não o sou).

não consigo apagar. esquecer é impossível e pensar é inevitável.
sou masoquista - eu procuro as dores que me fizeram largar-te.
procuro o chão que me fizeste perder quando, sem te aperceberes, me deixaste para trás.

eu puxei-te muito. empurrei-te, a dada altura, ainda mais. mas não foi ao acaso. por favor, entende isso. bem sabes o que me doeu. talvez não o quanto ou como, mas o porquê.

eu já não te podia segurar mais. eu já não conseguia para mim. ainda hoje, quase um ano e meio depois, não consigo. não sabes o que me aconteceu nesse espaço. não imaginas que, depois de ti, eu já tive mais dores. bastante mais dores. comparei todas elas às que me deste. nenhuma me doeu mais que a tua, nenhuma me está a custar mais a passar que a tua. mas nem a tua, mesmo que tão forte, me conseguiu impedir de viver (ou sofrer) adiante.

não queria apagar nada (nunca me senti tão crescida e forte), mas queria que não houvesse tanto espaço (nunca me senti tão vazia). e desta vez não quero preencher com ninguém. nem contigo.


eu ouvi quando disseste que mudaste. eu vejo que, na maioria, isso acontece. mas até que ponto já não é mais do mesmo?
eu preciso de um porto seguro. (pronto, era isso que querias ouvir?)
mas não preciso dele a tempo inteiro. não mesmo.
eu preciso da minha instabilidade, das dores com que fico por me aproximar de alguém. preciso de as ter para que sejas tu a curá-las. entendes isso?
sou egoista. seja. mas é assim que tenho vivido. contigo. e até que ponto também sabes disso?

dou por mim novamente a pensar no que te vai na cabeça. já não o fazia desde que acabou. não quero saber se me faz bem ou mal, se dói ou não. muitas vezes nem sequer passam de pensamentos. muitas vezes nem penso mais depois.
e por me conhecer tão bem é que me sinto fria (contigo), porque sei que quem sabe de mim acha que penso demais, quando, cá dentro, não passam de instantes de perguntas. (quando páro o olhar em algo, mesmo que pareça triste, por vezes é apenas sinal que desliguei de tudo por segundos. que nem a minha pose mais pensativa significa que esteja a pensar).

já me culpei por demasiada coisa. já senti na pele a culpa de coisas que não tinha. eu sei que te culpei pelas coisas certas, já o fiz por raiva, já o fiz por descarga de consciência. já fiz merda, já fiz muita merda. já deixei que o fizesses. não vale a pena encontrar culpados. mas espera, deixa-me falar, não vim para isso.

na verdade, não vim por nada em especial. vim para te dizer coisas. e aos pouco vou-tas dizendo. por palavras; às vezes por falta delas.
disse-te várias vezes que a vida é-me extremamente irónica e o karma às vezes assusta-me com a rapidez com que me mostra as coisas (deve ser a velocidade com que eu própria vivo as coisas).

talvez seja isso mesmo - eu sei que o meu silêncio te magoa tanto quanto o de outros já me magoou. eu sei que nãos que te dei foram tão complicados e dolorosos de digerir quanto os que me deram. talvez as faltas e buracos que outras carnes me deixaram me tenham mostrado o vazio que uma só pessoa te deixou. e apenas digo desculpa baixinho, porque sei que é a mim mesma que o digo.


adeus. mas ainda não é ponto.

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