zonza. perdida. a cambalear.
faço um esforço para não notares que tremo, que choro e grito por dentro.
faço o esforço de não contar o que quis fazer ontem à noite.
tenho vergonha.
tenho raiva.
pedi socorro ontem.
pedi ajuda.
pedi que não me deixassem tomar (pel)o medo.
tenho sono. sono não, cansaço. moleza.
faltam-me as forças nas pernas, nos braços, no coração.
falta-me a coragem cá dentro.
falta-me ar.
e choro choro choro.
falta-me força para parar.
e tenho ainda medo dentro de mim.
e tenho os pedaços rosas de medo.
e tenho os muitos pedaços que tomei.
os medos que engoli a pensar que tudo ficaria bem.
levanto-me.
tropeço.
caio.
deixo-me estar caída um pouco.
agarro-me às coisas para me levantar.
fico zonza. as coisas rodam tão rápido.
viro-me e ainda fico pior.
tenho o medo de voltar a cair. o medo redondo que me faz cair assim.
deixo-me cair na cama.
o sono aparece, mas não me deixo dormir.
estão a chamar-me e eu preciso de ser forte.
preciso de me levantar. preciso de fingir.
não, mãe, está tudo bem.
estou mal disposta.
parece que o meu coração pára e acelera sem como nem porquê.
O mundo gira e gira e dá voltas voltas voltas, muitas voltas.
e eu não acompanho. e eu fico colada ao chão.
colada aos espaços (d)e vazios. de promessas e loucuras.
presa às loucuras que tenho feito a mim mesma, como ontem.
não sei se agradeça, se evite. se combata, se perca. se contrarie, se aceite.
mas tudo isto e isto tudo é medo.
medo por não ser capaz. medo por não conseguir passar.
medo de não conseguir superar o teste que me estou a fazer a mim mesma.
medo para chegar ao limite. aos muitos limites que tomei ontem com água para dormir.
o medo que hoje me deixa assim tão zonza, descontrolada, apática.
o medo que me vai matar um dia.
e perguntam de que morri e diz-se de medo.
(um grande ponto de medos).
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