"partiste sem dizer adeus nem nada
fingiste que a culpa era toda minha
disseste que tinha a vida estragada
e eu gritei-te da escada que fosses morrer sozinha!
voltaste e nem desculpa pediste
perguntaste porque é que tinha chorado
não respondi mas quando vi que sorriste
eu disse que estava triste,
porque tu tinhas voltado!
zangada esvaziaste o meu armário
e em nada ficou o meu disco preferido
de raiva rasguei o teu diário
virei o teu saco ao contrário
dei-te cabo de um vestido!
queimaste o meu jantar favorito
deixaste o meu champanhe azedar
e quando cozinhei o piriquito
e para abafar o teu grito
eu comecei a cantar.
fumavas e eu nem suportava o cheiro
teimavas em me acender um cigarro
e quando me ofereceste um isqueiro
atirei-te com o cinzeiro,
escondi-te as chaves do carro!
não queria que visses televisão em dia de jogos de portugal
torcias contra a nossa selecção
se eu via um filme de acção
tu mudavas de canal!
tu querias que fosse contigo ao baile
só ias se eu não entrasse contigo
saía para não ter que te aturar
e ficavas a dançar com o meu melhor amigo.
gozavas porque eu não queria beber
ralhavas ao veres-me de grão na asa
eu ia à festa sem te dizer
nunca cheguei a saber se tu ficavas em casa.
(...)
se cozinhavas eu jantava sempre fora.
juravas que eu havia de pagá-las
põe-te na rua, dizias-me a toda a hora
e quando eu me fui embora
tu ficaste-me com as malas.
depois desses anos infernais
os dois éramos caso arrumado
achando que também era demais
jurámos para nunca mais
foi cada um para seu lado.
no escuro tu insistes que eu não presto
eu juro-te que falta a parte melhor!
um beijo acaba com o teu protesto
amanha conto-te o resto
boa noite, meu amor!"
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