25/08/10

o que faz mal não faz mal fazê-lo.

não faz mal não gostar,
não faz mal ter medo,
não faz mal mentir-nos com verdades,
não faz mal dizer a verdade com mentiras,
não faz mal dizer que gostamos de nós,
não faz mal dizer de quem não gostamos,
não faz mal dizer que não,
mas também não faz mal dizer que sim.
não faz mal mandar mensagens a pessoas que não vão responder,
porque
também não faz mal não responder quando nos mandam a nós.
não faz mal porra nenhuma!
não faz mal usar maquilhagem até dizer chega,
não faz mal não a usar e assumir a imperfeição do corpo.
não faz mal esconder aquilo que faz mal, se isso implicar
não fazer mal a quem se esconde.
não faz mal magoar alguém de vez em quando,
porque, no fundo,
também não faz mal que nos magoem.
não faz mal ser-se gordo
nem faz mal ser-se magro.
não faz mal ter-se mamas pequenas
nem faz mal ter-se mamas grandes.
sempre me disseram que o que interessa é tirar proveito do que se tem e
aceitar que a gravidade castiga muito mais quem as tem grandes do que quem não as tem.
mas não faz mal, há push-ups.
e não faz mal, de vez em quando, assumir que a verdade não compensa.
não faz mal ter inveja,
não faz mal a culpa de se invejar,
não faz mal gostar-se mais de nós,
porque ou gostamos menos de outros,
ou porque achamos que não faz mal viver bem com o mal dos outros.
não faz mal ser-se má pessoa de vez em quando, na mesma medida em que
não faz mal não aceitarmos que sejam maus connosco.
não faz mal andar de saltos altos e doer os pés, só porque é giro,
não faz mal usar sapatos rasos, porque é mais confortável,
mas não faz mal desejar que alguém torça um pé por estar mais bonito que nós!
sabendo sempre que também não faz mal cair, porque, mesmo não tendo saltos, corremos o risco de tropeçar nem que seja nos nossos próprios pés.
não faz mal ver pornografia, desde que se aceite que
não faz mal não sermos iguais a eles nem exigir que o sejam.
mas também não faz mal exigir isso, correndo o risco de que exijam de nós. mas não faz mal.
não faz mal assumir que não faz mal mas, no fundo,
para quem tem coração mole (e não faz mal tê-lo),
será sempre mais fácil achar que tudo faz mal.



depois disto é muito mais fácil de dizer que, então!, também
não faz mal ter saudades dele num dia que ainda me diz mais do que devia.
na mesma proporção em que não faz mal também dizer que faz mal não ser mútuo!
certo?

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